Primeiramente: FIQUE TRANQUILO!
Em casos de fraude PIX, o banco também se torna responsável pela operação. Ou seja, caso seja demonstrado qualquer falha da instituição financeira, esta também fica responsável pela restituição dos valores perdidos.
Sob a era do Pix, as transações financeiras ganharam um outro patamar, com mais facilidade, agilidade e menos burocracia. No rastro da facilidade, porém, não faltam relatos de golpes e falhas de segurança envolvendo a ferramenta já usada por mais de 130 milhões de usuários.
Em números absolutos, abril e maio/23 concentraram 424 mil tentativas de golpes contra 92 mil ocorrências computadas em fevereiro e março. Segundo informações prestadas pela PSafe, empresa de segurança, através de seu executivo-chefe, Emilio Simoni, já são quase sete mil tentativas de golpe por dia, mais de 280 por hora e quatro por minuto somente entre os meses de abril e maio.
O principal mecanismo que prejudica as vítimas é a chamada “engenharia social”, que consiste em persuadir o usuário a compartilhar dados pessoais e informações bancárias. Nesta tática, a vítima é levada a fazer um Pix achando que está pagando por um produto ou serviço, por exemplo.
Veja alguns dos golpes mais comuns envolvendo o Pix:
- Promoções falsas
Promoções falsas levam as vítimas a clicarem em links falsos de sites e lojas.
Muitas vezes a pessoa está no feed do Instagram e vê uma propaganda das Casas Bahia, de uma TV 70 polegadas por R$ 1.000,00. Achando que seria uma oportunidade, clica no anúncio e acaba sendo direcionada a um suposto site e a única forma de pagamento é Pix. Faz o pagamento e o dinheiro vai para a conta do golpista.
É comum essas propagandas aparecerem em redes sociais e também no Google Shopping. Por isso, preste muita atenção e confira o link do site acessado, uma vez que os sites são muito similares ao oficial.
Um dica de importante é sobre a forma de pagamento. Caso o site disponibilize apenas o pagamento com PIX, geralmente com QRCode, NÃO REALIZE A COMPRA.
- Contas falsas
Outro golpe que vem crescendo é o da conta falsa. A vítima recebe uma fatura de conta, que pode ser de cartão de crédito, de água, luz ou telefone.
A conta tem QR Code, além do código de barras, e o consumidor paga via Pix. O dinheiro vai para a conta do golpista e a vítima pode só perceber quando for notificada pela empresa avisando que a conta não foi paga.
- Pix no WhatsApp
Um dos golpes mais recorrentes acontece quando os golpistas criam um número falso usando a foto da vítima e entram em contato com pessoas que ela conhece com mensagens do tipo: “oi, mãe/pai, troquei o número, você salva?”.
Depois de uma interação, o criminoso conta uma história e pede dinheiro.
O outro tipo é a clonagem do WhatsApp.
O criminoso entra em contato com a vítima, conta uma história e compartilha um código via SMS para o telefone da pessoa. Ao chegar a mensagem, a pessoa confirma o código, que, na verdade, dá acesso do celular dela ao criminoso de forma remota, ativando o app em outro aparelho. A partir disso, o golpista entra em contato com as pessoas próximas e pede dinheiro.
Quase na maioria das vezes o golpe aplicado acaba sendo operacionalizado via Pix, com conta aberta em fintech ou contas falsas em bancos. São as chamadas “contas laranjas” cujos dados são de pessoas mortas que burlam a autenticação biométrica.
- Sequestro-relâmpago
O sequestro-relâmpago é a situação mais violenta dentre os golpes já citados: geralmente a vítima fica retida com o criminoso, que a obriga a passar os dados pessoais para ter acesso às contas bancárias e transferir valores via Pix, que é o mecanismo mais rápido.
Por isso, o Banco Central acabou restringindo horários e limites de Pix para tentar conter esse tipo de ocorrência.
- Roubos de celular
A partir de roubo de celulares, os golpistas podem fazer um grande estrago financeiro, ainda mais se estiver desbloqueado.
Se o telefone está bloqueado, a vítima ganha tempo para impedir o acesso do golpista ao aparelho. Sempre vale considerar senhas mais complexas, que não sejam aniversário, nem números sequenciais, além de dois fatores de autenticação nos aplicativos.
- Urubu ou robô do Pix
Outro golpe que está acontecendo com certa frequência é o chamado “Urubu do Pix” ou “Robô do Pix”. É outro golpe de engenharia social, que convence a vítima a fazer Pix para uma conta desconhecida em troca de retornos atrativos.
Lembre-se: Não existe dinheiro fácil e ainda mais com retornos astronômicos. Fique atento.
Mas afinal, o banco é responsável em devolver o dinheiro em casos de golpes?
A resposta é SIM!
Apesar de não existir o “cancelamento” de Pix, o que se tem hoje é o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED). Ou seja, é o conjunto de regras e de procedimentos operacionais que as instituições financeiras participantes devem seguir para efetivar uma devolução de dinheiro via Pix.
A opção possibilita que a instituição realize uma análise de fraude mais robusta, aumentando a probabilidade de recuperação dos recursos pelos usuários pagadores vítimas de algum crime. Ele irá funcionar apenas em situações especificas: quando há suspeitas do uso do Pix para fraude ou em eventual falha operacional no sistema de qualquer dos participantes.
Para fazer a solicitação é fácil. O consumidor precisa primeiramente contatar o banco e informar a ocorrência da fraude. O passo seguinte é registrar um boletim de ocorrência no caso da fraude, e, em ambas as situações, avisar imediatamente a instituição pelo canal de atendimento oficial, como SAC ou Ouvidoria.
Geralmente nos aplicativos dos bancos há um link direto para o canal a ser utilizado para o registro da reclamação.
No entanto, muitas vezes o dinheiro não é localizado na conta do fraudador e o consumidor não sabe o que fazer.
Fique tranquilo! Caso o banco não comprove que garantiu a segurança necessária na operação, o que ocorre na grande maioria das vezes, ele fica responsável em ressarcir INTEGRALMENTE o consumidor.
Cabe ao prestador de serviço de pagamento a análise do caso de fraude e o eventual ressarcimento, a exemplo do que ocorre hoje em fraudes bancárias.
Se a situação não for resolvida, procure imediatamente um advogado especialista. Suas chances em recuperar os valores são grandes.
Preciso recorrer na mesma hora que sofri o golpe?
O cliente que enviou o Pix em casos de fraude possui 80 dias, a partir da data da transação, para informar sua instituição financeira. A orientação é que o contato seja feito o mais breve possível com o banco ou instituição financeira responsável pela conta.
A instituição deverá abrir imediatamente uma notificação de infração associada a uma solicitação de devolução, para que assim os recursos na conta do usuário recebedor possam ser bloqueados.
No entanto, sabemos que a grande parte das instituições financeiras não apresentam respostas ou demoram a solucionar o caso.
Por isso, sempre peça auxilio de um advogado especialista. As chances na recuperação do crédito são grandes.